Sejam Todos Bem - Vindos !

Todos aqueles que possuem natureza filosófica e cientifica sejam bem-vindos à uma tentativa de aguçar a busca pela realidade interior de cada ser.

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terça-feira, 2 de março de 2010

Você! - Caio Gutierrez


Você!
Escrever,  já escrevi antes. Mas escrever em alguns dias é difícil, em semanas nem se fala, em anos impossível.
Claro, isso se aplica quando você escreve sobre algo tão volátil quanto a filosofia e a razão.
Assim escrever em um momento é mais cabível, expor aquilo que você é naquele momento. Amanhã?! Amanhã você já não é o mesmo, afinal o homem é como um rio, corre, muda, não para. Triste é o homem que encontra “bases sólidas” para ser o mesmo sempre. Aquele que diz saber as etapas e formas que você deve passar para ser FELIZ.
Felicidade. Ah a felicidade! Que para alguns é tão simples, porém para a maioria inalcansável. Afinal todos estão sempre buscando alguma coisa, e sempre que alcançam aquilo que buscam, logo encontram outra coisa para correr atrás. Pois é, a vida se resume ao simples trilhar de uma caminhada em busca do inalcansável.
Então nos iludimos, compramos o carro, a casa, a roupa, encontramos a mulher perfeita dentro dos esteriótipos criados, casamos, trabalhamos, compramos mais, assistimos televisão, agimos de acordo com aquilo que assistimos, alguns vão à igreja, outros ao centro espirita, alguns à rituais, outros caminham de preto pelo cemitério. Impressionante, buscando respostas, sendo que ainda nem sabe como formular a pergunta, proucura respostas dentro da “realidade”criada para esse plano.
Realidade. Ah a realidade! Alguns dizem que cada um tem a sua, outros dizem que a realidade é cruel então pensam viver na fantasia, alguns inclusive impõe o que é real e o que seria “ficção”, por exemplo, Matrix, realidade ou ficção?! Para esse plano, ainda ficção. Fome na África, realidade ou ficção?! Realidade, podemos ver, ouvir, sentir, está todo mundo falando. Paz mundial, realidade ou ficção?!
  Paz. Ah a Paz! Aquilo que precede o amor, aquilo que você imagina ser um sentimento dependente dos fatores externos, estou em um bosque em silêncio, estou em paz, estou no trânsito ouvindo buzinas, a paz ficou lá no bosque.
Difícil encontrar a paz interior, independente, desapegada, livre, pura. Paz significa encorporação de auto-conhecimento, porque se você se conhece você conhece tudo, porque o tudo é você e você é o tudo. Perceba, estamos presos á um plano egocentrado, onde você é separado do todo e se limita á singularidade das projeções desse plano, á “realidade” desse plano. Então nesse plano você é João da Silva, moreno, magro, brasileiro, solteiro, estudante, classe média, etc. Então você se limita à João da Silva e segue de acordo com aquilo que pode ser o máximo que João da Silva pode alcançar, você contamina sua mente com a limitação que o estereótipo forma. Você não é o todo, você é João da Silva e isso é tudo para você, é a sua “realidade”.
Assim, fica difícil encontrar a paz, encontrar a paz dentro de uma realidade instável, buscando uma verdade para aquele modo de pensar e ser de João da Silva. Afinal, repito, o homem é como um rio, sempre em constante transformação.
Então deixamos a paz de lado e vamos vivendo, se acomodando na “realidade”qualquer, deixando os dias passar, a morte chegar.
A morte. Ah a morte! O grande momento da vida, afinal só pode morrer quem está vivo, e toda vida acaba em morte. Ai passamos a vida com medo da morte, tentando criar projeções para a nossa realidade do que acontece com toda aquela vida que tanto nos dedicamos, para onde vamos? Ainda um pensamento egoísta, quer morrer e continuar sendo João da Silva, quer ainda continuar sendo pequeno, sendo aquela realidade que é tudo para ele, então chega a imaginar que tudo acaba, pois é, se acabar isso aqui que é a realidade de João da Silva tudo acabou, afinal você é simplesmente João da Silva, você é isso que seus sentidos brutos podem captar e isso que seu cérebro de forma racional pode registrar.
Mas há, sim, há uma realidade além dessa pequena, há um registro maior do que o seu registro racional, há muito mais que os seus sentidos podem captar. E realmente tudo isso que você está vivendo é uma ilusão.
Busque a religião, não fora, não na igreja, no centro, nos seus fantasmas, busque a religião em seu sentido real, a religação, religação de corpo, mente e espirito, chegue no ponto onde você é o todo, sinta que você faz parte desse todo e que esse todo faz parte de você, quebre os limites as fronteiras e encontre a liberdade. Liberdade das ilusões do plano, para cumprir o seu papel como todo.
Caio Gutierrez   11-05-09

segunda-feira, 1 de março de 2010

O Mito da Caverna - Platão

Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?